sábado, 23 de abril de 2011

Cenário do Campo

Quem não gosta de ver
O sertão embrejado.
Os açudes sangrando,
Pescador animado.
O relógio do galo
No inverso, atrasado.
O mugido do gado,
Relinchar de cavalo
Na vazante do lado.
Um trovão abafado,
Um téu-téu assustado
Grita de madrugada
Pra chamar a atenção.

Quem não gosta de ter
No sertão, seu roçado?
De feijão, macaxeira,
Arroz novo no cacho.
Bode gordo e carneiro,
Burro solto no pasto.
Uma casa de alpendre,
Um retrato que lembre
Um arremesso de laço.
Chapéu grande enfeitado,
De peão afamado,
Um cachorro ligeiro,
Bom de caça do mato.

Quem não gosta de ver
Sanfoneiro afinado?
Cantador de viola,
No cordel embolado.
Quem não torce pra ver
São João festejado.
A fogueira queimando,
Os compadres chegando
E as meninas do lado.
No sertão é assim,
Quando chove pra mim,
Não precisa de nada,
Acabou tempo ruim.

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