quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mulher Bonita

Mulher bonita é diferente!
Em casa ela é quem grita,
Na festa ela agita,
Se, fala não explica,
Com tudo se irrita,
Inventa charme pra todo gosto.

Seu maridão é diferente!
Já vive acostumado,
Cedinho faz mingau,
Põe roupa no varal,
Chama a mulher de dona,
Cuida da carne,
Só rói o osso.

Mulher bonita é diferente!
Tem corpo hidratado,
Cabelo relaxado,
Um celular ligado,
Um tolo apaixonado,
Abrindo bolso
Abobalhado.

Mulher bonita é diferente!
Sai sempre perfumada,
É dona da cocada,
É muita cobiçada,
Pavor da mulherada,
Calado moço,
Não diga nada.                              

Mulher bonita é diferente!
Não desce da tamanca,
Almoça, mas não janta,
Não pesa na balança,
Não pisa quando dança,
Na passarela,
Rebola e canta.           




sábado, 23 de abril de 2011

De volta pra casa

De volta pra casa
Meu cantim me espera
Vou pegar a estrada
Estou de volta
Pra minha terra.

E do jeito que estou
Já me vejo chegando
Pro lugar aonde vou
Tem alguém esperando.                           

Se aqui eu vivi,
Lá foi lindo nascer.
Na distância senti
O prazer de rever.

Vou rever meus amigos
Vou curtir minha sorte.
No meu solo querido,
Nele piso mais forte.  

Meu mundo novo

Eu vou criar meu mundo novo,
Sem lágrimas no rosto,
Até sorrir eu vou tentar.
Que bom, pisar caminho livre,
Sem medo é que se vive,
O meu destino vai mudar.
Amanhã é futuro,
Serei outra pessoa.
Alguém de vida boa,
Sem tempo pra chorar,                            
Feliz, vou me notar.
Então eu vou mudar
Passou quem eu queria
Terminou meu sonho lindo
E meu coração sentindo
Agendou tantos momentos
Só pra não te esquecer.

Charme brasileiro

Teu olhar é luxo
Teu sorriso é tudo
Nada é mais bonito
Tudo em ti seduz.
Morena faceira
Musa brasileira
(Uva brasileira)
Teu amor é vinho
Pra minha vida inteira.
Vem dançar comigo
Quero a alegria                               
De te abraçar
No teu corpo lindo
Vou ficar sentindo
Como é bom te amar.
Hoje a festa é nossa
A gente só se solta
Quando o sol raiar.

Justiça do céu

No lema do Evangelho,
Mudou a vida do povo
E transformou Juazeiro
Na vocação de famoso,
A fé no tempo relata
A história da beata,
Um fato misterioso.

Se, Padim Ciço ficou,
Suspenso do seu ofício,
Mas Deus o justificou.

Um fervoroso vigário,
De coração generoso
Não esquecia o rosário,
O seu troféu valioso
Pastor de gente sofrida,
Viveu assim sua vida
De homem santo, bondoso.

Com seus romeiros ficou
Até que um dia partiu
E Deus o santificou.



03 JUSTICA DO CEU

Viagem de fé

Eu vou, eu vou...
Eu vou pro Juazeiro
Eu vou de novo
Eu vou ver meu padrinho
Eu vou cantar com o povo.

Eu vou, eu vou...
Eu vou pagar promessa
Eu vou de novo
A virgem é mãe excelsa
E o padre é glorioso.

Vou visitar
A capela do Socorro.
Vou à matriz beijar a padroeira
De lá eu vou pro horto,
A pé, toda a ladeira:
Rezando em procissão,
Eu sou mais um do povo.



02 VIAGEM DE FE

Pagador de Promessa

Eu vim pagar a promessa.
Fui prontamente atendido.
É tanta gente comigo,
Subindo a estrada do horto.
É o povo de Deus,
Caminhando na fé,                                            
Padrinho Ciço querido:
Obrigado de novo
E abençoe essa gente

Minha Senhora das Dores,
Mãe do Perpétuo Socorro!
É o consolo do povo
Subir a serra do horto.
É pro povo de Deus,
A terra prometida.
Padrinho Ciço querido:
Obrigado de novo
E até brevemente.







01 PAGADOR DE PROMESSA

Mãe das Dores

Confia romeiro
Na Mãe de Jesus
Porque meu Padim
Nela confiava.
Segura na mão
De Mãe das Dores
Ela é proteção
Dos pecadores.
Maria é mãe
E não aceita
Um filho sofrer
Em qualquer lugar                                        
Maria está
Até um dia
O céu chegar.


Eterno Vigilante

Lá do alto do horto
Velando o tempo inteiro
O padre mostra o rosto
De amigo verdadeiro.

Felicita a quem vem,
Abençoa a quem sai
A todos faz bem
Então, por nós, rogai.

Viveu pra não morrer
Na lembrança da gente         
Salve, salve meu Padim
Minha estrela do oriente

Ilumina Juazeiro
Esta cidade que é sua
Sempre e sempre sua.
Do turista e do romeiro.


Espelho

Está vendo espelho,
Estou aqui.
Cabelo preto bem pintado,
Escorridinho, enshampuzado.
Estou todinho renovado,
Eu tenho até dente implantado,
Lente nos olhos,
Me sinto bem,
Estou bem atualizado.

Está vendo espelho,
Estou aqui.
De cara nova amaciada,
Nada de pele pendurada,
Minha idade disfarçada,
Até com medo de sarampo,
Estou novo em folha,
Estimulado,
Ando apressado e bem durinho.

Mas meu maior defeito
Não nego pra você.
Meu médio ainda tentou,
Não deu pra resolver.
E pra não me enganar,
Mandou eu me esquecer.
Se, a coisa pendurou,
Não tem o que fazer.






Férias


Estou precisando amor
Desocupar meu coração,
Tem outro alguém me procurando,
Eu vou viver outra paixão.

Pra que defesa, então,
O meu pedido é procedente,
Meu coração ta maltratado,
Você nunca cuidou da gente.

Há muito tempo, amor,
Meu coração ta magoado,
Você nunca cuidou
E eu sofrendo a dor, calado.

É muito tarde, amor,
Não queira nem purgar a mora.
O prazo terminou
Me dê a chave, e vá embora.

Despejo

Estou precisando amor
Desocupar meu coração,
Tem outro alguém me procurando,
Eu vou viver outra paixão.

Pra que defesa, então,
O meu pedido é procedente,
Meu coração ta maltratado,
Você nunca cuidou da gente.

Há muito tempo, amor,
Meu coração ta magoado,
Você nunca cuidou
E eu sofrendo a dor, calado.

É muito tarde, amor,
Não queira nem purgar a mora.
O prazo terminou
Me dê a chave, e vá embora.

Crepúsculo

Fim de tarde,
Sol se pondo,
Hora da ave-maria.
Juriti traz
Um cantar triste
Pra ninar o fim do dia.
No sertão tem
Uma beleza
Que arrepia.
Quando é noite
Vem a lua,
Vem saudade,
Poesia.

É bonita
A harmonia,
Ver o sol acenando.
Animais indo,
Rebanhados
Pro repouso do sono.
No sertão tem
Melodia,
Fim do dia,
E a noite
Traz um gosto
De saudade,
Fantasia.

Mulher Faladeira

Não vou lhe perdoar
Depois que ouvi
Você falar pra machucar,
Falou que eu vi.
Falou de mim
Só por falar,
Por que falar,
Se você não pode provar?

Se, fico você fala,
Se, vou embora,
Você chama pra voltar,
Só pra olhar
E pra falar do meu andar
Fala de tudo
Você tem fome de falar.

Você fala demais,
Fala, fala, sem parar.
Não voltar atrás,
Fala só pra magoar.

Cansei de lhe escutar,
Seu jeito agora eu sei
Você me faz lembrar
Candinha do rei.

Cansei de lhe escutar,
Eu vou sair do meio,
Você me faz lembrar
A Candinha do rei.


Cenário do Campo

Quem não gosta de ver
O sertão embrejado.
Os açudes sangrando,
Pescador animado.
O relógio do galo
No inverso, atrasado.
O mugido do gado,
Relinchar de cavalo
Na vazante do lado.
Um trovão abafado,
Um téu-téu assustado
Grita de madrugada
Pra chamar a atenção.

Quem não gosta de ter
No sertão, seu roçado?
De feijão, macaxeira,
Arroz novo no cacho.
Bode gordo e carneiro,
Burro solto no pasto.
Uma casa de alpendre,
Um retrato que lembre
Um arremesso de laço.
Chapéu grande enfeitado,
De peão afamado,
Um cachorro ligeiro,
Bom de caça do mato.

Quem não gosta de ver
Sanfoneiro afinado?
Cantador de viola,
No cordel embolado.
Quem não torce pra ver
São João festejado.
A fogueira queimando,
Os compadres chegando
E as meninas do lado.
No sertão é assim,
Quando chove pra mim,
Não precisa de nada,
Acabou tempo ruim.

A vida é boa

Pare de sofrer
Chega de chorar
A vida é boa
É feita pra sonhar.
Tanto maldizer
Pode piorar
É fácil de entender
Você nasceu pra amar
Sorrir, lutar, vencer.
E o sol toda manhã
Retorna para lhe ver
E pra lhe conquistar.

Cantar é viver,
Pode acreditar.
Um sorriso faz
A vida melhorar.
Removendo mágoas
Pra poder amar.
Eu quero ver você
Cantar uma canção,
Abrir seu coração,
A vida vai mandar
Você me procurar,
Para me dar razão.

A vida vai mandar
Você me dar razão.
Eu quero ver você
Mudar de opinião. 



Saudade

Pensei que não fosse sofrer,
Depois que lhe deixei partir.
Não vou viver assim,
Falta você em mim,
Quero lhe amar de novo.
Retorna pra ficar.

Quem é que não sente saudade?
Lembrança de um tempo bom.
Saudade eu sei que é
Vontade de rever
Um grande amor distante,
Razão do meu viver.

Viver distante de você
Me faz doer o coração.
Volta correndo vem,
Vem no sol da manhã,
Vou lhe esperar cedinho
Na minha janela.

Saudade é bicho roedor,
Me deixa sem me controlar.
Estou contando os dias,
Confesso eu não queria,
Mas se me achar chorando,
É só de alegria.

Menino Abandonado

Quando eu nasci,
Eu nasci no abandono.
Chorei de medo e até de fome.
Meu pai fugiu desde muito cedo,
Me deu a vida, mas negou seu nome.

Na minha rua, sou alguém discriminado,
Na minha escola, apenas um matriculado,
Pra aniversário também não sou convidado.
Quero saber o que eu fiz de tão errado.

Interessante, esta vida é engraçada.
Irrelevante é uma criança descartada.
Ninguém dispensa uma palavra, um elogio.
Impressionante, mas o mundo é muito frio.

Dia de festa, eu fico sempre sem presente.
Se, é natal, Papai Noel não vê a gente.
Tudo é real invés de sonho e fantasia.
Mas não faz mal, tenho uma estrela que me guia.

Estou vivendo e o futuro me espera.
A vida é dura, mas não tenho medo dela.
Hoje criança, amanhã um lutador.
Não tenho mágoa sou menino sonhador.

Alegria

Tanta alegria no meu coração.
Vou vadiar, é final de semana.
Eu vou sair sem roteiro,
Tudo que quero é dançar.
Eu nem sei aonde vou,
Eu só sei que levo amor
E energia pro salão.

Vou farrear, vou brincar pra valer.
Volto depois do dia amanhecer.
Sou maluco por forró, vou dançar de fazer dó,
No meu final de semana.

Menina Moça

Menina moça,
Coração incendiado,
Olhos negros, boca linda,
Meu modelo de mulher.
Na minha vida
Eu lhe quero noite e dia
Vou vivendo esperando
Seu amor, sua alegria.

Menina bela
Seu andar é um desfile
Seu orgulho me agride
Mas eu vou lhe conquistar.
Seu corpo tem
A saúde de atleta,
O gingado de boneca
Pra poder me provocar.

Nasci para lhe amar.
É fácil de entender
O mundo é de nós dois
Agora e depois
Segure a minha mão
Me dá seu coração
Me deixa lhe amar
Enquanto a vida nos levar.

Sonho Nordestino

Eu vim aqui pra cidade,
Deixando um sonho plantado
No interior;
De roça, foice e machado,
De rosto quente e tostado,
Do jeito trabalhador;
De solo seco e rachado,
Mas quando chove é plantado
O sonho do lavrador.

Quem sai do campo não esquece
E no plano permanece
De um dia voltar.
De saudade entontece
Tudo lembra o nordeste
Em sonho pega a chorar.
Quando se acorda promete,
Se tudo um dia der certo
Retornar para ficar.

Eu juro que se eu pudesse
Levava a todo o agreste
Água, sangue da terra.
Em cada canto um pomar
Fartura, pão pra sobrar.
Quem é que ia migrar?
Mas quem quiser virar mito
Encane o São Francisco
Que o povo vai festejar.
Mas quem quiser virar mito
Encane o velho Chico
Que o povo vai registrar.

Obrigado Coração

Chorei sim,
Você viu,
Você riu
E não quis o meu amor.
Amei só,
Fiquei só,
Sofri só,
E feri meu coração.

Inda bem que me curei
Fiz de tudo, mas mudei,
E nem me lembro de você.
Tudo em mim é diferente,
Ando livre independente,
Obrigado coração. 

Sol do nordeste

Á, á, á,
A água acabando e o sol queimando.
Á, á, á,
A água acabando e o sol queimando.

O sol levanta do dia,
E só se vai com ave-maria,
E a noite é só tristeza,
E acabou-se a alegria.

O rio mostra o seu leito,
E na campina não se ouve
O cantar do sabiá
Que emigrou com dor no peito.

E tudo então é desespero,
A dor crescendo o tempo inteiro,
Se Deus não mandar remédio,
Meu sertão virou um braseiro.     

A chuva

Gosto de ver meu sertão
Vestido de verde escuro
Chuá do riacho correndo,
Feijão milho novo maduro
E toda gente sorrindo
Na festa de Deus Menino
Novena, quadrilha e balão.

Abelhas beijando flores
Balé de cabritos pulando
Gado pastando no campo,
Um bando de aves passando.
O sol secando o orvalho
Rolinhas de galho em galho
É festa de muitos amores.

Terra molhada me deu
A sorte que eu queria.
Até encontrei um amor,
Meu coração está feliz.
Sou sertanejo do norte,
A chuva me deixa forte
Pra vida que escolhi.

Na noite de São João
Vou estampar alegria.
Quero dançar no bailão,
Eu vou levar euforia.
Meu São José de Maria
Deu chuva de noite e dia
E transformou meu sertão.

Palco Verde

Acabou-se, enfim, sequidão,
E sol que ardia outro dia,
No meu sertão, quem diria!
Água vertendo do chão.
Há quanto tempo eu não via
Na copa da baraúna,
Cantando no fim do dia,
Galo campina e graúna.
Quando tem sombra e água fresca,
Meu Deus do céu, que alegria!
Sertão parece um viveiro.
Pássaro vem, pássaro sai a voar,
Voando vai, quando não vem, dói demais.


A névoa branca na serra,
Riacho vindo de lá.
Três-côcos lá na palmeira
Cantando com o sabiá.
O gavião, meio dia,
Voando pára no ar.
Perdiz camufla na moita
Pro caçador não notar
Um juazeiro enfolhado,
Palco de todos os pássaros
De terno amarelado
Canta o canário,
Pulando aplaude o tisil.
E o beija-flor, apressado, beija e sai.  




Mulher bonita

Mulher bonita é diferente!
Em casa ela é quem grita,
Na festa ela agita,
Se, fala não explica,
Com tudo se irrita,
Inventa charme pra todo gosto.

Seu maridão é diferente!
Já vive acostumado,
Cedinho faz mingau,
Põe roupa no varal,
Chama a mulher de dona,
Cuida da carne,
Só rói o osso.

Mulher bonita é diferente!
Tem corpo hidratado,
Cabelo relaxado,
Um celular ligado,
Um tolo apaixonado,
Abrindo bolso
Abobalhado.

Mulher bonita é diferente!
Sai sempre perfumada,
É dona da cocada,
É muita cobiçada,
Pavor da mulherada,
Calado moço,
Não diga nada.                              

Mulher bonita é diferente!
Não desce da tamanca,
Almoça, mas não janta,
Não pesa na balança,
Não pisa quando dança,
Na passarela,
Rebola e canta.           

Quebrando o galho

Há quanto tempo não ouço
O canto do assum preto,
Dói aqui dentro a saudade
Fazendo calo em meu peito.
A vida aqui na cidade
Me deixa mesmo estressado,
Vou respirar lá no campo,
De onde eu volto curado.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                         

Cresci menino levado,
Bebendo leite de cabra.
Tomando água de coco
Na minha casa caiada.
Brincando nas goiabeiras,
Pulando pra lá e pra cá.
Na sombra da laranjeira,
Deitava até o sol baixar.

Tinha gibão preparado,
Chapéu, perneira e chocalho.
À tarde eu sempre aboiava
Na porteira do curral.
Cavalo novo arreado,
Uma novilha atrevida,
Aquilo sim era vida,
Eu vivo quebrando o galho.

Caminhando/, recordando/, me inspirando/, me revendo.
No engenho/, vaquejada/, no alpendre/, na estrada.
 



Papai me disse

Mamãe era parteira,
Papai um lavrador.                
Nasci no pé da serra,
Sou caçula dos irmãos.
Comi juá maduro,
Andei de pé no chão,
Bibi água de pote,
De cobra levei bote,
Rezei em procissão.

Lutei desde garoto,
Cresci, virado fera,
Até adubei terra
Com o suor do rosto.
Teci cerca de vara,
Fiz fumo com a mão.
No terreiro da sala,
Meu violão tocava
Nas noites de São João.

Quem for falar de mim
Favor falar direito
Sou homem de respeito
Um tipo sertanejo.
E no lugar que eu for
Não entro sem licença,
Odeio mal malquerença,
Não crio desavença
Sou um respeitador.

E quem quiser saber,
Me orgulho de falar
Enquanto eu viver
Não quero outro lugar.

Desabafo Sertanejo

Fico sem compreender                                   Gravado CD III/2003
Meu sertão em alvoroço
Pra comer e pra beber
Tanta terra e caboclo
Sem prestígio o tempo inteiro
Quem se elege fica mouco
Não escuta mais roceiro
Apesar de tanto açude
Pouca área irrigada
Apesar de luz elétrica
Tudo quase vale nada
De pequena produção
Vive o homem sertanejo
Se do céu não vem fartura
Vai vivendo do varejo
A cultura algodoeira,
É preciso retomar
A ciência dê um jeito
Do bicudo acabar.
Quero ver canavial
E engenho pra moer.
Com fartura, a fome é zero,
Todo mundo há de ver.
Vive o povo nordestino
Da esperança eternal.
E apesar de tanta verba
Liberada no jornal,
Apesar de tanta fala,
No sertão não chega nada.



É preciso inventar

Alguém pode perguntar
O que é que está faltando
Quanto mais a vida dá
Só lhe ouve reclamando. (bis)

Tanta força e saúde,
Muita terra pra pisar,
Tanta água, tanta brisa,
Pra beber e respirar.
Céu brilhando de estrelas
E a lua pra lhe encantar
E se ainda está faltando,
Você tem que completar.

Quanta ave satisfeita
Sai voando vai catar.
Veja a flor que nasce feita,
Basta só apreciar.
A semente se faz fruto
Com sabor para agradar.
Quando a gente está chorando
Chega alguém pra consolar.

Quanta gente endurecida
Vive sem querer notar
Que a vida é tão bonita
No céu, na terra e no mar.
Um sorriso de criança,
Um colo pra embalar,
Quem quiser coisa melhor
É preciso inventar.

Trabalhando a gente cansa
Mas o sono recupera,
Quem gastou a esperança
Vai ganhar na primavera.
Da cor que pintou o mundo,
O autor pintou o céu.
E para colorir a vida,
Pôs amor no seu pincel. 




Zé Ninguém

Todo dia sai do campo
Muita gente pra cidade
Atraída e iludida
Vem buscar felicidade
Mundo rico e colorido
Na novela a gente vê
Conterrâneo meu amigo
Tenho pena de você
Das entranhas do sertão
Vem pro mundo da ilusão
Sem dinheiro vem
Mais um favelado
Mais um Zé ninguém.

Eu queria ser feliz
Quando vi para cidade.
Tanto sonho, embalei,
Pra tornar realidade.
Procurei por todo canto,
Não vi a felicidade.
Encontrei com muita gente,
Pouca solidariedade.
No lugar de tanto plano
Entrou a fatalidade.
Que pena, que maldade,
Roceiro na cidade
Perde a identidade.

A dureza lá do campo, enfim,
De repente dá saudade.
Não devia vir do campo, não,
Tanta gente pra cidade.

Pode esperar

Pode esperar,                                                 Gravado CD III/2003
Que eu vou chegar
E vou levar
Meu coração
Para lhe dar.
Quando eu chegar
Quero alegria,
Muita emoção,
Na minha vida
Não quero mais solidão.

Uma cigana me disse
Que meu amor é você
Meu coração sabe disso
E se alegrou pra lhe ver.

Já decidi,
Amor espere que eu vou.
Quando eu chegar vai ter festa,
Festa no meu coração.
Quando eu chegar vai ter festa,
Festa no meu coração.






Amanhã

 Amanhã


Amanhã, o que terei amanhã?                       Gravado CD I/2001, depois CD III/2003
Só Deus sabe só Deus sabe,
Eu não sei nada de mim.
Amanhã, o que terei amanhã?
Só Deus sabe só Deus sabe,
É melhor ser assim.

Mas quero um de sol,
Eu quero um pouco do mar,
A lua inteira pra mim e é só.

Quero a beleza do campo,
O vento pra respirar,
Quero você me encanto e é só.

Quero ser livre e sorrir,
Viver meu sonho de amor,
Cantar a vida feliz e é só.

Amanhã, o que terei amanhã?
Só Deus sabe só Deus sabe
Eu não sei nada de mim
Amanhã, o que terei amanhã?
Só Deus sabe só Deus
O que terei a manhã!









Vou pro Cariri

Estou morrendo de saudade                                     Gravado CD III/2003
Do sertão do Cariri
Lá da sertã desce um vale
Deus mês fez nasci ali
No planiço desenhado
Nas curvas do rio salgado
Juazeiro tem o horto
Onde eu rezo ajoelhado.

Louco de saudade,
Doido pra chegar,
Vou pro Cariri,
Sul do Ceará.
Louco de saudade,
Doido pra chegar,
Vou pro Cariri,
Vou pro meu lugar.

Água doce, terra boa,
Gado, cana e mineral.
Crato tem exposição
E fartura de animal.
Santo Antonio de Barbalha,
A melhor festa dali.
Tem morena perfumada
Com essência de pequi.

Louco de saudade,
Doido pra chegar,
Vou pro Cariri,
Sul do Ceará.
Louco de saudade,
Doido pra chegar,
Vou pro Cariri,
Vou pro meu lugar.

Padrinho Cícero:
Santo do povo!
Vou à romaria rezar de novo.
Vou depois rever o caldas,
Passear em Mauriti,
Quero tomar banho nas águas
Do riacho do Tipi.

Tem que melhorar

Por que foi/ que tão ligeiro/ meu dinheiro acabou-se
Fui às compras/ pelos preços/ tudo louco/ nada trouxe
Todo dia/ tanta coisa /todos pedem/ lá em casa
Encerraram minha conta/ no cartão devo uma ponta
Foi meu nome pra serasa.

Olha assim não dá/ não dá/não dá                             Gravado CD III/2003
Tem que melhorar/ ou então/ sei lá.

Pro trabalho/ me preparo/ às vezes babo/ e meu salário é miserável
Sem herança/ sem poupança/ sem a sena/ como posso ser estável
Sou artista/ mas meu disco/ na estatística/ não arrisca e nem petisca
Ser político/dar dinheiro/é bom negócio/cadê voto

No concurso/concorrido/sem cursinho/ eu não passo
Na leitura/ de um amigo/mui amigo/ meu QI/ é muito baixo
Deus do céu/ que coisa feia/não nasci pra tanta peia.
Tanto nego/ nem esquenta/só aumenta/vive aí de casa cheia.


 Fui à missa/fiz promessa/dei a oferta do meu santo
Nem cigana/adivinha/cartomante/ajudaram minha sorte
Vou lutando/pelejando/estou na lida/em todo canto
Não dou mole/piso fundo/toco o barco/tenho fé e braço forte.

Riquezas da água

Tão diferente é sertão,
No tempo de inverno bom!
 O clima abrindo a estação,
O sol suaviza o tom,
Pra chuva molhar o chão.
Açude cheio, sangrando,
Peixe pulando na frente.
Rio, riacho, lagoa,
Transbordando de água boa,
Matando a sede da gente.
A pobreza do nordeste                                  Gravado CD III/2003
Tendo água se inverte.
Se a chuva então não na desce,
Irrigando, enriquece.
Fruta de mais ta sobrando,
Passarinho nem belisca.
E as borboletas pousando,
Abelha mansa sugando
O néctar da flor bonita.
Lagarta se encanta e voa,
Cigarra hiberna e não pia.
Raposa ao frango diz loa,
Tatu dispensa formiga,
Jerico tem vida boa.
Fartura tem de montão!
Batata, leite e jerimum.
Banana, mel, macaxeira,
De tudo tem cada um
E o dinheirinho da feira.
O nativo nordestino
Cansou de ser retirante.
Escute aqui, seu doutor,
Inverno bom, forte ou fino,
Faz mais que o governador.
1 - Riqueza das águas - CD forro da gente

Sentido da vida

Gente é pra viver
A vida sem sofrer.
E o sol nasce pra todos,
O amor e o sentimento.
E a sorte vem depois,
A qualquer tempo.

Coisa tão bonita,
Gente verdadeira.
Onde o bem se multiplica
Renovando a vida inteira.
E o mundo é um canteiro
Sem fronteira.
                                                           Gravada CD IV/2006
Sucesso é recompensa
À luz da inteligência.
Um sorrido no rosto
É a senha preferida,
É um taco de união,
De amor à vida.